23 de outubro de 2008

É uma pena...


... que as mentes mais lúcidas deste país declinem tomar parte activa na política deste triste país. Uma pena, de facto, o Prof. Freitas do Amaral não estar disponível para a causa política nacional. Normalmente as pessoas inteligentes não estão.

Ouvi-o na Grande Entrevista. Não me revejo em tudo o que disse. Em primeiro, o meu germanismo impede-me, figadalmente, de concordar que, apesar dos esforços do Governo para debelar o défice, o país não esteja mais próspero porque "teve azar", nas palavras do Professor: azar com a escalada dos preços do petróleo, azar com a crise financeira. Temos sempre azar em alguma coisa e eu não me identifico com discursos do azarismo pátrio, do fado, triste sina, má sorte.

Também não sei se concordará com o Professor muita gente que vive, hoje, com as consequências do torniquete com que o Governo apertou o défice até reduzi-lo a níveis historicamente baixos.

Mas, no geral, precisamos de lucidez, a lucidez para ver que reconhecer a independência do Kosovo é um erro contrário a toda a lógica de nation/state building ou a lucidez para saber onde se posiciona o centrismo no espectro político.

And now go ahead and crucify me.

12 comentários:

Joaquim Alves disse...

Freitas do Amaral será indubitavelmente uma pessoa inteligente.

Reparo que no fundo quase se percebe que afinal concordas com ele na questão do Kosovo, mas que no resto...

Também concordo com essa questão do Kosovo.

Mas Freitas do Amaral fez um percurso das suas conveniências, aos zigue-zagues, o que aliás já lhe vem dos outros tempos, da "outra senhora".

Reconheço-lhe a inteligência, não lhe reconheço a "coluna vertebral" nem a dignidade de um estadista.

E faz-me sempre pensar cada vez que fala e toma atitudes, que o verdadeiro homem do CDS era Amaro da Costa.

Abraço

Peter disse...

Os treinadores de futebol também têm azar quando a equipa perde. Foi meu prof na cadeira de Direito Constitucional qd o prof da mesma era o Marcelo Caetano. Não gosto dele. Concordo com o Lusitano: o verdadeiro homem do CDS era o Amaro da Costa e acredito, sem ter bases para tanto, que este teria sido morto por ter conhecimento do destino dos milhões do Fundo de Defesa Nacional.

Anónimo disse...

A menina tem de concordar que, de facto, a dita crise internacional e a escalada do preço do petróleo foi um azar.

Para nós e para todos os outros governos, estados e nações.
Aí não há volta a dar!

Se o azar podia e devia ter sido prevenido quando começaram a ser evidentes os sinais de benarda no horizonte?
Deviam, mas recordo que já noutros tempos tivemos um Braga de Macedo que via um oásis onde era um pântano de crise.
O Pinho e demais eleitos haviam de ser diferentes em quê?

Freitas do Amaral é um homem lúcido e tenho que provavelmente se perdeu um notável jurista para nunca se ter ganho um excelente político!
Mas aí também penso que algumas das companhias que arranjou em nada o ajudaram.
Amaro da Costa era o seu ideólogo?
Era.
Mas o PSD usarou-o no projecto de "uma maioria, um Governo, um Presidente e perdidas as eleições contra Mário Soares deixaram-no cair miseravelmente!
Lembram-se?

Aproveito para esclarecer que em relação ao "Desigual? Portugal?", o facto de ter escrito décadas pretendia traduzir que sempre fomos uma sociedade e um país desigual. Isso é inegável.

A pobreza em termos percentuais até diminuiu em anos anteriores, mas acentuou-se agora.

Mas, como bem escreve o Manuel António Pina, no Jornal de Notícias, edição de hoje, os nossos gestores ganharem mais entre 22% a 50% do que congéneres seus nos EUA e outros países europeus foi de sempre.
Mas nesse sempre os nossos salários sempre se mantiveram ao nível de cão!

Crucify you? In yuor dreams!

antonio ganhão disse...

Mentes esclarecidas que vão desde o beija-mão à Gondoleeza ao insulto puro e simples a Bush. Mentes esclarecidas de quem aceitou encomendas de pareceres do estado português para pagar as dívidas das campanhas eleitorais...

Infelizmente estamos muito bem servidos destas mentes esclarecidas ao serviço do país...

António de Almeida disse...

-O défice não está baixo, a meu ver está altíssimo, muito por culpa da despesa pública. Claro que há boa e má despesa pública, mas discutir aqui essa questão era desviar do post, de acordo com o Kosovo, foi um erro reconhecer a independência daquela região, quero ver um dia os argumentos que irão procurar para justificar não poderem reconhecer o País Basco ou a Catalunha, territórios bem mais viáveis e com identidade Histórica, cultural e política próprias. De resto não gosto de Freitas do Amaral, em quem votei nas presidenciais de 1996, pelas suas viragens políticas. Quando as circunstâncias mudam, como mudaram para Freitas do Amaral, a dignidade é deixar a política e não entrar para a politiquice.

Tiago R Cardoso disse...

Não gosto de cata-ventos.Sendo aqui este senhor que fala um exemplo digno de nota.

Lembrar que o Senhor andou tanto pela esquerda que foi ministro PS e agora recuperado das doenças, regressa na posição de estadista e critico.

Joaninha disse...

Olha, quanto a este senhor digo só uma coisa, escreveu um livro fantastico sobre direito administrativo.

Fora de brincadeira, politicamente errou muito, demais, faltou-lhe fibra...

beijos

Anónimo disse...

Why crucify you, when the portuguese Fado is so beatifully sang by your critical lips?

Acho que o azar luso advém da pouca virtude dos seus governantes.
Past and present.

Kisses.

Rafeiro Perfumado disse...

Onde estão o martelo e os pregos? Não foi este tipo que em tempos andou a fazer as férias de deputados para poder atingir os 8 anos de Assembleia e poder reformar-se? Qualquer credibilidade que tinha para mim morreu nessa altura...

Blondewithaphd disse...

Povo,
Pois a mim o passado não me interessa particularmente e, confesso, não tenho memória para saber o que aconteceu nos inícios da década de '80. Que a política se caracteriza por uma grande maleabilidade de colunas vertebrais não me choca que alguém navegue entre cores partidárias e digam-me quem não o faz (eu não serei disso exemplo, certamente).
O que me interessa é que, no meio da acefalia política deste país, aqueles (poucos) a quem eu reconheço inteligência estejam longe da causa política.

Rafeiro,
Bolas homem, tu eras capaz de pregar uma Blonde à cruz?!

Carol disse...

Blondie, dearest, totalmente de acordo contigo e, já agora, com Freitas do Amaral também!

joshua disse...

Não gosto de Freitas do Amaral. Tenho uma imagem negativa de um homem por ventura inteligente, mas certamente oportunisticamente esperto, como a história recente demonstra.

No mais, não poderia estar mais de acordo, exceptuando a questão do Kosovo, que é uma criatura dos Estados Unidos que tem o poder que tem para engendrar estas criaturas por falta de afirmação, coesão e unidade política na Europa Rica e Desenvolvida. Wie wollt' ich mich verstecken!