20 de setembro de 2010

Não é possível que morresses. Não é possível!


Não acredito.
Tem de ser ser engano.
Não é possível.
Não consigo abarcar.
Há duas horas que sei que a Cristina morreu. O número no telemóvel. Os contactos na agenda. Como é que eu apago uma amiga que me morreu nesta vertigem? Não consigo. Não consigo.
A Cristina morreu. Meu Deus, a Cristina morreu! Os filhos! Meu Deus, são tão pequenos!
A Cristina... Meu Deus! E eu não tive tempo de saber a tempo. E eu que não lhe telefonava há que tempos. Aqueles telefonemas para aqueles encontros de gente que tomamos por garantida, gente que está sempre lá e que retoma os telefonemas e as conversas no exacto sítio em que as deixámos. Chá na minha casa. Chá na dela. Canela com maçã. Álbuns de fotos em tardes de Outono com o sol a cair cedinho. Raptava-me à minha vida quando a Mãe morreu e eu estava perdida naquela dor maior que a Vida.
- Anda! - Dizia. E levava-me dentro da vida dela à casa dela, buscar os miúdos. Fazia-me chá. Dava-me mimo.
- Anda! - E eu ia. E ela era a coisa mais alegre que eu conhecia naqueles dias. E foi por causa da minha Dor que eu a conheci. Fazia-me coisas especiais com bordados colados. Colagens para postais. Dava-me uns presentes sempre muito originais. Ensinou-me a aspirar. Sim, a aspirar. Um dia em que me raptou para a casa dela e foi fazendo as coisas que tinha de fazer enquanto falávamos e falávamos e eu saía de lá tardíssimo.
E ela era alegre. Meu Deus, que alegre! E tinha gatos e filhos, o marido e o cão. E eu achava que ela tinha o paraíso naquela casa com vista de Tejo e das ilhas do Mar da Palha.
A Cristina morreu. A Vida ceifou-a em três semanas e eu não tive tempo de saber a tempo.
A Cristina morreu! Meu Deus, a Cristina morreu e eu não acredito.
Meu Deus, como é que se morre assim?
- Ó Cristina...

11 comentários:

mdsol disse...

Um beijinho, Blondinha, que se me secam as palavras.

Eu Mesma! disse...

Minha nossa...
nem sei o que dizer...

Eu Mesma! disse...

Minha nossa...
nem sei o que dizer...

Joaninha disse...

Beijos minha Loira!

antonio ganhão disse...

Nunca se apaga. Tal como a dor. Bjnhos.

Vera disse...

Não sei. Chora!
Um beijo

Cristina Torrão disse...

Meu Deus, que história triste, horrível!

Faço minha a palavra da Vera: chore! Enquanto puder! Enquanto tiver lágrimas!

Daniel Santos disse...

nem sei o que diga...

Ältere Leute disse...

Sei como isso é: não se acredita!
No meu caso, ainda hoje, quase todos os dias, me lembro do muito , "das wir versäumt/verpasst haben": É que não tivemos tantos chás, porque a vida nos separou e, quando voltou a juntar-nos, não aproveitámos. Um beijinho!

Pedro disse...

sorte essa de te teres cruzado com ela

Goldfish disse...

A vida já me roubou gente da mais importante, mas nunca uma amiga. Sinto muito, loirinha.