7 de agosto de 2011

Chegar

Ir é sempre bom. Mas começo cada vez mais a sentir que chegar é talvez ainda melhor. Abrir a porta da Casa em silêncio no seu cheiro familiar de limpo e madeira. Aqui é a maior viagem.
Desvaneço o cansaço do regresso e dos dias ausentes passados em muito. Há cartas por abrir em cima da mesa da cozinha. Travessas de fruta fresca. Há o Spotty doido. Dou uma volta rápida pelo jardim: a relva precisa de mimo de água, a giesta ainda tem umas quantas flores, a acácia está a preocupar-me. Sou precisa aqui. Listo mentalmente o imenso que tenho para fazer amanhã enquanto começo a desfazer as malas da viagem longa aos céus distantes. Vi tanto. Senti tanto. E esse tanto de tanto perdia-me em muito como uma esponja que já não consegue absorver mais. Só que havia sempre mais e mais e eu absorvia sem saber com que capacidade. Acho que vou precisar de tempo para formar lembranças. Vou precisar de tempo para perceber o ver que vi. Agora, e já, importa que cheguei. Esta viagem vai demorar muito e no imenso que foi vai ser porque se desenrolará no tempo que vem.
É bom chegar. A orquídea floriu enquanto eu estava longe...

3 comentários:

António de Almeida disse...

Bom regresso, um excelente Domingo!

Dias as Cores disse...

...e o "nosso" mundo parece um pouco diferente quando regressamos, mas arranja sempre maneira de dizer q sentiu a nossa falta!

antonio ganhão disse...

Regressar é um sentimento de pertença... bem vinda.