6 de setembro de 2012

Tempo de veludo

Chego a casa tarde com o sol a querer despedir-se do dia. A temperatura está aveludada: não corre aragem, não está frio nem quente. Há poucos dias assim, perdidos entre brisas desagradáveis, o muito calor ou o muito frio. Um dia raro e não quero entrar em casa fechando a porta ao tempo. Quero aproveitar o veludo que envolve tudo. Ainda penso em trazer o jantar para a rua mas não é isso que me apetece. Apetece-me usufruir do resto do crepúsculo de outro modo. Penso em jardinar, eu que abomino jardinar. Corto pernadas indomadas da bouganvília, arranco ervas daninhas do canteiro dos cactos e desbasto o passeio de relva que o quer galgar. Faço tudo isto antes de a luz se pôr atrás do monte com o moinho no topo. Está-se tão bem na rua.
Aproveitei bem a temperatura do entardecer glorioso. Dou graças pelo jardim que mo permitiu aproveitar. Recolho a casa feliz com o trabalho que fiz, feliz por ter podido sentir nos braços descobertos, no corpo, em mim, aquele veludo que envolveu o meu campo. Amei a tarde.

5 comentários:

CNS disse...

Conheço essas tardes aveludadas. :)

Pedro disse...

poesia é
o tempo ser
poesia no tempo
a entardecer

Pedro

luisa disse...

Até senti esse veludo a envolver-me...:)

Ältere Leute disse...

A tarde de veludo ( melhor : de cetim ! ) também chegou ao meu "navio amarelo" rodeado dos meus AZUIS. God bless us all ! ( inspirei-me na Missa de St Paul's )

mfc disse...

Como compreendo tão bem o prazer dessas tarefas!
Beijos,