5 de julho de 2014

A semi-escolha e o fim das escolhas

O que eu mais gosto nos Mundiais de Futebol, ou noutras grandes provas desportivas, é a parte dos hinos. Não sou capaz de assistir a um Portugal-Alemanha mas fico para os hinos, os hinos que me tocam, os hinos dos dois países que em pátria me revejo e os dois países que me fazem sentir eternamente estrangeira. Aqui acham-me estrangeira. Lá estrangeira sou.
Ontem a Mannschaft (e eu gosto tanto mais de Mannschaft, equipa, do que Selecção: equipa é união, selecção é uma coisa externa e só isto dá para ver a diferença de ethos entre estas duas "minhas" nações) ganhou à França. Não vou dizer o óbvio, claro. Mas ontem, mais importante do que qualquer vitória de bola foi o parlamento alemão ter aprovado legislação para quem nasce sob a sina que me assistiu. Não mais quem nasça nestas circunstâncias terá de se confrontar com uma escolha. Eu fiz a minha há muitos anos, e para espanto do Pai, escolhi a lusitanidade sem perda de naturalidade (que tanta chatice burocrática me dá). Nunca soube, e nunca saberei, se fiz bem ou mal. Fosse qual fosse a nacionalidade que eu escolhesse seria sempre estrangeira. Portanto, tanto se me faz como se me fez porque o Nós me está vedado e eu estarei sempre no espaço de Eles.
E sim, ontem ouvi um hino do Haydn, que nunca foi "Deutschland über alles", e, tomada de uma nova consciência de mudança(s), gostei de o ouvir..

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